quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

100 Anos de João Rubinato

Por Linton em fevereiro/2010
Quem ouve o nome João Rubinato não reconhece aquele que viria a ser o embaixador do Samba Paulista. Afinal, quem era esse sujeito que em 6 de agosto próximo completaria 100 anos? Filho de imigrantes de Treviso, norte da Itália, João nasceu em Valinhos e, com a família, chegou em à Capital de São Paulo em 1932. Exerceu vários empregos: metalúrgico, balconista, mascate, garçom... Em atenção aos seu desejo artístico, vagou pela antiga Rádio Cruzeiro do Sul, perseguindo os programas de calouros que o ignoravam sistematicamente, até que em 1934, venceu o dilema que mais tarde comentou com a sua tradicional ironia: “o homem do gongo devia estar dormindo”. Estreou assim na PRE-4 Rádio Cultura, como o cantor de voz rouca, tendo como companheiro o violonista Antonio Rago, parceiro em muitas composições e seu vizinho no bairro do Bixiga. Já como artista adota o pseudônimo de Adoniran Barbosa, com o qual seria consagrado como compositor e cantor. A sua extensa obra reflete o âmbito de sua vivência no Bixiga de onde a linguagem empregada nas suas letras era a própria voz do bairro. Suas composições versavam sobre o cotidiano das pessoas excluídas, operários, moradores de cortiços, que carregavam em suas vivências pequenos e grandes dramas que se expressavam por fala inculta junto ao sotaque italiano, difundidos na voz dos bairros da periferia como o Brás, Mooca e Bixiga, onde até os negros como o saudoso “Fala Grosso” se expressava com a fala cantada dos italianos. Em 1941 assinou contrato com a Record onde, sob a direção de Osvaldo Moles, atuou em programas de humor através de personagens criados por ele, como “Charutinho”, “Zé Cunversa”, “Giuseppe Pernafina” e muitos outros. Participava também de radionovelas e até de um filme, como “O Cangaceiro” de 1953. Ainda em 53 venceu o carnaval paulistano com “Dona Boa” que, em sua autocrítica, considerava “uma porcaria de marcha”. Mas, com a gravação de “Malvina” (1951) e “Joga a Chave” (1952) pelos Demônios da Garoa, veio o merecido reconhecimento. Em 1955 foi gravada a “Saudosa Maloca”, também pelos Demônios da Garoa, tendo no lado B o “Samba do Arnesto”, tornando-se um esplendoroso ídolo popular. Conta Adoniram que a letra de “Saudosa Maloca” teve inspiração na demolição do Hotel Albion, na Rua Aurora, que era um edifício abandonado onde moravam maloqueiros, entre os quais o “Mato Grosso”, com quem fez amizade. “Um samba no Bixiga”, “Iracema” e “Trem das Onze”, vencedor do Carnaval de 1965, foram gravados pelos Demônios da Garoa. “Tiro ao Álvaro” de 1960, estourou nas paradas 20 anos depois, na voz de Ellis Regina. Portador de enfisema pulmonar, veio a falecer em 23 de novembro de 1982, aos 82 anos. 
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